Casca Grossa XVII - Missão Solimões. - 21 à 28/07/2024
Muito prazer, me chamo Jéssica Assis, sou esposa do instrutor Assis e nesse curso eu fui aluna.
Pois bem, como muitos sabem no curso começamos "perdendo" nosso nome e ganhando um número, e o meu era 01. Antes de qualquer coisa já posso afirmar,
EU NÃO TIVE PREVILÉGIOS.
Ao tomar a decisão de fazer o curso logo fui alertada de que lá eu não seria tratada diferente, aceitei o desafio e fui me preparando; Sempre acompanhava as aulas de fogo primitivo que ele ministrava, pois eu sabia que lá iria ser essencial. Convidei alguns amigos e eles aceitaram o desafio de ir embarcar nessa missão "quase suicida".
Começamos no ponto de encontro, dando risadas, se conhecendo, revendo pessoas que ja haviam feito o curso de outras vezes, e colocando nossas expectativas sobre o curso; ao chegar na base, conversamos um pouco, ganhamos nossos números (Éramos em 9 alunos), nos dividimos, comemos (aproveitamos enquanto deu) e fomos dormir.
Logo pela manhã começou a instruções sobre alimentação, abrigo, fogo e por volta das 15 horas estávamos divididos em duas bases e deveríamos montar nossos abrigos. Fomos buscar bambu e começamos montar, logo veio a primeira dificuldade, A FALTA DE LUZ, anoiteceu muito rápido e o abrigo não estava 100%, então na primeira tentativa de deitar o bambu estalou e tivemos que sair do abrigo, tentamos consertar temporariamente e conseguimos deitar (nossa tropa era composta pelos combatentes 01 - 02 - 06 - 07 - 09).
É meus amigos o nosso inimigo número 1 chegou sem dó e nem piedade O FRIO.
Pelo amor de Deus, o que foi aquela noite?! Parecia que a noite tinha milhões de horas, levantamos do abrigo por volta das 23 hrs pois era impossível dormir, então na tentativa de se esquentar nós dançamos, pulamos, andamos, fizemos flexões e por fim tomamos a decisão de tentar fazer fogo, se desse certo teríamos fogo, se desse errado (e deu kkk) pelo menos esquentaria a carcaça. Por fim, vencemos a primeira noite e mesmo sem ter conseguido fazer fogo por fricção no bambu, e nem na pedra e facão (faísca), mesmo com a lua cheia iluminando o acampamento desejávamos a todo tempo a BENÇÃO DO SOL.
O segundo dia chegou e as atividades começaram, fizemos as aulas e a nossa missão era conseguir terminar o abrigo e tentar fazer fogo, porém como todos sabem nossa alimentação é escassa, então o esperado aconteceu, eu baixei, chamamos o comando no radio, pedi um auxilio, porém a todo momento eu só conseguia pensar que aquilo não poderia me tirar do curso, eu tinha que continuar e vencer um dia de cada vez! Coronel Arildo chegou com minha salvação em mãos (sal + açúcar) me entregou, comi um pouco de cada e assim senti minhas forças voltarem ao corpo novamente; havia uma frase que ecoava no meu cérebro todos os dias:“AMOR VOCÊ PRECISA VENCER UM DIA DE CADA VEZ, NÃO PENSE NO DOMINGO, POIS VAI PARECER DISTANTE, VENÇA UM DIA POR VEZ”,
as palavras ditas em casa me motivavam a continuar. Mas como nem tudo é flores, chegou um PEDIDO ESPECIAL para o comandante:
“COLOCA OS ALUNOS NA ÁGUA”
kkkk aaah todos nós já sabíamos de onde tinha saído esse pedido, apresento a vocês “O CARRASCO”, também conhecido como Assis (MEU MARIDO), que mesmo de longe sem poder estar no curso, fez esse pedido todo especial para entregar a nós kkk.
Sendo assim o Comando (Arildo, também conhecido como Padrinho, pois o mesmo foi meu padrinho de casamento) nos colocou na água para o momento de higiene, EIIITAAA ÁGUA GELADA DO CÃO, mas confesso que essa água foi a nossa maior motivação para que tentássemos mais uma vez fazer o fogo. Acredite A ÁGUA FRIA DESPERTOU ALGO EM NÓS, juntamos as forças da tropa e ali começamos na fricção do fogo, depois de deixar o material o dia todo tomando sol para secar e esquentar, eis que aparece uma fumaça densa, consistente e constante na fricção, e ali surge uma brasa, MEU DEUS QUE FELICIDADE!!!!
Conseguimos o bendito do fogo, agora a missão era não deixar apagar em hipótese alguma, ali começou outra batalha.
O terceiro dia chegou um pouco mais rápido, tínhamos a benção da presença do fogo em nosso acampamento, saímos para a missão do dia e deixamos o fogo lá, acesso. Ao retornar para a nossa base, tinha poucas brasas acessas, lá corre nós atras de “REACENDER” o fogo, o medo de “DORMIRMOS NO FRIO” era tão grande que sempre deixávamos uma bucha de bambu preparada, gravetos e folhas secas no gatilho.
A nós foi paga a missão de fazer uma sala de aula, confesso que no momento que foi paga a instrução, eu como 01 da tropa não me atentei e depois dos comandos saírem, nós fizemos algo que estava muito longe do que foi pedido. Terminamos uma simples mesa com cobertura, já estava escurecendo e voltamos para nossa base. Assim como nas outras noites, o sono era algo complicado, pois durante a noite dormíamos muito pouco, tínhamos que revezar para cuidarmos do fogo e todos queriam ficar próximo da fogueira para se aquecer, por vezes o melhor lugar para dormir era em volta dela. No decorrer dos dias ganhávamos algumas coisas para nossa alimentação, e deveríamos montar armadilhas para assim obter mais alimentos, o que não aconteceu foi conseguir pegar algo na armadilha, então o máximo que extraímos na selva foi brotos de samambaias. Eu, com meu problema de hipoglicemia não conseguia segurar nada no estomago, então estava vivendo de água, pitadas de sal e açúcar.
Ah senhores, assim como o quarto dia chegou, alguém chegou junto com ele, o tão temido “CARRASCO”. Fomos chamados pelos comandos na “SALA DE AULA” para instrução e ao chegar lá em mim existia dois sentimentos:
1º Não entendia como havia “PASSADO UM VENDAVAL” somente naquele local que derrubou a mesa que fizemos.
2º Apesar de saber que agora as coisas ficariam bem mais intensas pois o Assis "MEU MARIDO"havia chegado, meu coração pulava de alegria de vê-lo ali.
Bom, logo tomamos uma chamada pois não cumprimos a missão que havia sido passada e como consequência, adivinhem .... "ÁGUA GELADA NOS AGUARDAVA". A missão deste dia era um resgate, nos foram passados os azimutes e fomos em direção do resgate, por não estarmos preparados para tal atividade cometemos muitas falhas e com isso mais uma vez a consequência dos erros chegava junto. Após “PAGARMOS” nossas dividas, a missão da tarde era terminar nossos abrigos que ainda estavam em condições complicadas (faltava cobertura, pois com chuva, cairia mais água dentro do que fora) e também nos foi paga a missão de agora fazer a sala de aula que os comandos já haviam pedido. E assim foi feito, uma força tarefa de “9” combatentes para fazer a sala de aula; terminamos já estava escuro, e apesar de termos falhado em esperar escurecer para ir para nossas bases, tínhamos o alivio de dever cumprido na missão.
Já no quinto dia tinha mais água nos aguardando kkk, tínhamos a missão de fazer uma maca digna de ser chamada de maca e assim concluir a missão da tarde, que era uma incursão no rio e no final das atividades fazer o resgate de uma vítima com hipotermia. Confesso que particularmente pra mim foi um dos exercícios mais difíceis, pois quem me conhece sabe o medo que tenho de água, mas estávamos ali e a missão tinha que ser cumprida. Com a ajuda dos meus companheiros, realizei a atividade, superei alguns pontos que eu tinha medo e por fim concluímos a missão do resgate. Não achem que pelo fato de aqui não ser relatado a dificuldade que é conviver uns com os outros e as diferenças de cada um que não tivemos nossas tretas. Mas, como nem tudo é só coisas ruins, ganhamos a recompensa por termos nos saído bem na missão (COMIDA).
No sexto dia a alegria já tomava de conta de nosso coração, o sentimento de estar chegando ao fim da missão era algo fora do comum, aquecia meu peito assim como aquela chama de fogo que lutávamos todos os dias para manter acesa. Era nossa última noite naquele lugar, o sentimento de gratidão a Deus por nos ter sustentado até ali era grande, a gratidão por não ter chovido, por estarmos conseguindo fazer as missões e ganhar as recompensas, nossa, uma alegria que não tinha tamanho. Senhores nós ganhamos FRANGOOOO, assamos ele, jogamos um pouquinho de sal e colocamos para dentro, com certeza o frango mais gostoso que já comemos kkkk.
No domingo pela manhã, ver o instrutor ir nos buscar na base, era uma alegria sem igual, estávamos a menos de 5% para concluir o curso, descemos cantando uma música que foi de nossa autoria kk, fizemos a última atividade e por fim chegou, chegou senhores a nossa FORMATURA!!!!!
Ah que alivio, tomamos um banho, nos trocamos, passei até perfume para aquele momento kkk Tive o PRIVILÉGIO de receber meu certificado e meu brevê das mãos do meu marido, sim o “CARRASCO”, ou o Comandante Assis, este homem que fez meu coração quase parar com um tapa ao colocar o breve cravado no meu peito, mas o que era um tapa em meio a tudo que já havíamos passado?!
Posso escrever um livro, contar detalhe por detalhe mais NUNCA será o suficiente para descrever essa experiencia vivida.
Aqui fica o meu agradecimento aos amigos e familiares, que oraram, rezaram, torceram, lembraram, vibraram por mim todos os dias
Somente Deus pode recompensar todo o carinho que tiveram por mim, carreguei as mensagens em meu coração para me lembrar que nenhuma dor é eterna, elas passam, por mais desconfortáveis que sejam, passam, por mais que demore, passam!
TKS aos Comandos (Sertório, Arildo, Assis, Rocha, Madeira) que além de instrutores são meus amigos, e claro, para suas digníssimas esposas (Marli, Marcia, Aline) que também estavam torcendo por mim. Foi um prazer ser aluna dos senhores, aprendi muito e levarei esses ensinamentos pra vida!
Aos novos amigos 03 - 04 - 05- 08 - Aos antigos amigos 02- 06- 07 – Tks por tudo!
Hoje eu posso afirmar que deixei de ser uma "GUERREIRA DE SHOPPING" e me tornei uma "GUERREIRA DE SELVA".SELVAAAA!!!
--- Jéssica Assis - 31/07/2024 ---
Treinamento de sobrevivência na selva
07 dias sozinho dentro da mata Atlântica, somente portanto uma faca. Tivemos a supervisão de instrutores que em nenhum momento puderam interferir ou ajudar nas tarefas.
Muitas desistências, fome, frio, chuva, animais peçonhentos, muitos muitos muitos pernilongos, privação de sono, 8 kilos a menos.
Além das lições práticas de sobrevivência aprendi que não é a capacidade física que determina quem chega ao final mas sim a sua condição psicológica de suportar o desconforto, aprendi na prática o significado da palavra resiliência, trabalho em equipe, sair da zona de conforto, como temos uma vida de luxo com luz, comida na geladeira e fogo a qualquer momento.
Ganhei grandes amigos que levarei para a vida, uma experiência que eu recomendo para qualquer pessoa.
Obrigado aos instrutores da Over Border Rescue
SOU CASCA GROSSA!
Todos os anos busco desafios que estimulem meu corpo e minha mente e aumentem cada vez mais a minha resiliência como pessoa e profissional.
Semana passada participei do CURSO MILITAR P/ CIVIS DE SOBREVIVÊNCIA EM SELVA - CASCA GROSSA
Muito difícil, mas a experiência foi fantástica! Consegui concluir sem desistir!
Abaixo detalho melhor...
O QUE VIVI:
*7 dias e 7 noites dentro da Mata Atlântica somente com a roupa do corpo, 1 par de luvas e uma faca... era proibido levar qualquer outro item
*7 dias sem comer praticamente nada... apenas brotos de samambaia, coquinhos, etc... perdi 7 KG
*Dormia mal todos os dias.... sempre molhado e úmido....ficar molhado foi uma das piores coisas. Dormimos em abrigos construídos por todos da minha equipe... bambu, cipó e folhas
*Todos os dias tínhamos treinamentos e missões coordenadas pelos instrutores....Muitas delas dentro da água muiiiiitooooo gelada
*2 desistências
*Dormi sentado 2 dias
*Dos 7 dias, apenas nos 2 últimos tivemos fogo, que amenizou um pouco o sofrimento do grupo
*Comi uns cupins mas não senti gosto de nada
*7 dias sem tomar banho, escovar os dentes e sem fazer número 2
*Cortes e cicatrizes nos pés e nas mãos
*3 carrapatos retirados do corpo
O QUE APRENDI:
*Que realmente somos muito mais fortes do que achamos... os militares sabem explorar isso muito bem
*Que vence quem se adapta... Na vida e nos negócios também é assim
*Ter a mente otimista e focada no objetivo e não permitir distrações.
*Estar na natureza é uma dádiva de DEUS
*Sozinho não somos nada! Trabalhar em equipe é fundamental para o sucesso. Tivemos algumas discussões que foram superadas... Convivência não é fácil e no contexto de Sobrevivência piora mais... Importante superar em conjunto e focar no objetivo...
*Inúmeras técnicas de sobrevivência, resgate, dentre outros conhecimentos relevantes, que levarei para o resto da vida
*Feedback de um dos instrutores para mim....
"Você é guerreiro...Você ajuda as pessoas... Nunca perca sua essência e Nunca deixe de fazer ou realizar aquilo que ama"
De volta muito mais forte. CASCA GROSSA!
Quero agradecer a experiência que o curso Casca Grossa proporcionou. Foi um divisor de águas na minha vida, um verdadeiro marco na minha história.
Me ensinou onde encontrar a verdadeira força, me presenteou com companheiros de batalha maravilhosos (cada um contribuindo com o que tem de melhor).
Pude conhecer e ultrapassar os limites que eu mesma impunha sobre mim, e entender que posso ir muito além do que minha mente supõe.
Também cresci muito no que diz respeito ao espírito de união, por ajudar e ter a humildade de aprender e ser ajudado por outros.
Dei um salto altamente considerável no quesito liderança, pois o curso me colocou em posição que precisei me valer de uma medida de poder para gerir situações e driblar desafios.
Com certeza, minha resistência aumentou; minha autoestima e autoconfiança deu um giro de 360 graus para chegar a um estágio melhorado.
Os instrutores, cada um à sua maneira, realizaram o seu papel com maestria. Lembro do jeito de cada um e como contribuíram para suscitar em nós forças e qualidades que nem mesmo sabíamos que tínhamos, mas que foram descobertas por nós a cada aula e a cada desafio.
Sentir a selva, beber a água doce e límpida do riacho foi uma das sensações mais encantadoras que já tive. Ah, que coisa boa!
O curso Casca Grossa foi mais significativo na minha vida do que toda a formação acadêmica que tenho.
Mesmo eu tendo desistido de ficar os 7 dias, o pouco que fiquei valeu pelo resto da vida.
O que experimentei do curso já impactou meu modo de enxergar o mundo, as coisas e as pessoas, me tornando mais perspicaz para discernir e decidir acerca dos aspectos importantes que envolvem a minha vida como um todo.
Puxa! Já tenho saudade de todos. Levo-os na mente e no coração. Cada detalhe, cada minuto foi inesquecível. Obrigada! Muito obrigada!
Muito respeito e admiração pelo trabalho de vocês.
O melhor da vida para e essa equipe brilhante do Casca Grossa!
Com carinho,
Pamera
24 de julho às 13:01
Fui ao inferno........... E voltei!!!
Poucos sabem, mas no dia 15/07 sai em uma jornada, uma jornada de aprendizado físico, moral e principalmente, espiritual: um curso de sobrevivência na selva, intensivo de 7 dias e 7 noites, onde era permitido entrar na floresta apenas com a *roupa do corpo e uma faca* . O curso foi realizado em uma área da mata atlântica, na região de Taiaçupeba - Mogi das Cruzes/SP.
Foram mais ou menos 5 meses de preparação, onde eliminei 6kg, fiz alguns treinamentos de corrida e academia, não usei blusas de frio no inverno e tomei vários banhos de água gelada.... Agora vejo que foram poucos rsrsrsrs
O curso começou com 12 participantes, tínhamos a opção de desistir a qualquer momento do curso, a alimentação e o abrigo deveriam ser extraídos da floresta.Para começar, "perdemos" o nosso nome e viramos números, o meu número era o 10. Começamos o primeiro dia na base central com instruções e treinamentos teóricos, após os treinamentos os alunos foram divididos em 2 equipes de 6 pessoas e subimos para a mata, chegamos por volta das 15 horas e fomos construir os abrigos.Ahhh, ninguém tinha relógio então, toda estimativa de horas é por aproximação rs.
Nosso time construiu uma espécie de estrado para passarmos a primeira noite, mas devido ao tempo, ficamos sem teto e paredes. Aproximadamente 18 horas já estava escuro ao ponto de não conseguirmos enxergar um metro a nossa frente e fomos deitar. Devido ao peso de 6 pessoas, o abrigo não aguentou e quebrou o bambu que a segurava.
Como estava escuro e todos exaustos (tínhamos que buscar os bambus bem longe), tiramos a base de apoio do estrado e dormimos no chão: imagina o seguinte, se aqui faz frio, lá é 2 vezes pior.... Bem pior. Passamos a noite inteira com frio (somente com a roupa do corpo), recebendo a umidade do chão, em um local desconhecido, sem fogo ou iluminação, com pessoas desconhecidas até o momento, em uma floresta com cobras, escorpiões e até mesmo onça, imagina ficar aproximadamente 12 horas tentando dormir e não conseguir dormir "nada"... Nesse momento, você percebe o quanto é bom e faz falta a luz solar, a *primeira lição* : "valorizar o Sol" !!!
No segundo dia, foi um dia de instruções na água, uma água tão gelada que parecia cortar o corpo... Ficamos um bom tempo em treinamento na água onde tivemos que aprender a controlar a respiração para não passarmos mal de tão fria que estava, lembrando que estávamos na água com a calça e botas, as mesmas que depois precisaríamos para dormir.
Terminado a instrução, tivemos mais ou menos 1:30 para terminar os abrigos e fazer fogo: como nosso abrigo estava no chão, tivemos que reconstruir, ou seja, o fogo deixou de ter prioridade naquele momento. A união da equipe foi fundamental para terminarmos de construir o abrigo e colocarmos um teto e então anoiteceu.
Imagina que o frio da noite anterior, por pior que tivesse sido, ainda não tinha sido nada pois, nesse momento, estávamos com as roupas molhadas... E então veio a *segunda lição* : "todos precisamos um do outro, ninguém veio a esse mundo para viver sozinho" !!! Foi sentindo isso que todos, apesar de desconhecidos, dormimos abraçados pois era a única forma de sobrevivermos aquele frio intenso. Tremíamos tanto que novamente fiquei sem dormir à noite inteira e em vários momentos na noite veio o pensamento de desistir, de ir para um lugar quente e comer algo, lembrando que esse era o segundo dia sem alimentação. Pensei várias vezes e em todas veio em minha mente a resposta de que abri mão de tanta coisa para estar ali, deixei minha família em casa me esperando e contando comigo e sabia que estavam preocupadas comigo, orando por mim... Logo, eu não tinha a mínima possibilidade de desistir, era, no mínimo, a minha obrigação chegar até o final. Com base nisso, somente veio a confirmar uma lição anterior, ou seja, a *terceira lição* : por mais difícil que seja, por mais que você ache que não aguenta mais, quando se tem objetivos definidos, a fé em Deus, em nossa família e amigos, sim, é possível realizar qualquer coisa, por mais impossível que possa parecer ser!!!
E assim terminou mais uma noite e começou um novo dia. Nesse momento, grande parte das pessoas já estavam sentindo a energia diminuir, prejudicando a velocidade e atenção na realização das tarefas. Fizemos os treinamentos do dia e, após quase chegarmos a exaustão, com um apoio do comando conseguimos finalmente fazer fogo... Ah fogo seu lindo rs... A *quarta lição* é o valor do fogo: você somente aprende o seu real valor, quando está sem, em uma situação extrema, nesse momento pareciam todos crianças em volta da fogueira e finalmente pudemos fazer uma espécie de sopa no bambu com água, broto de samambaia e inhame... Foi apenas um pouco para cada, não restabeleceu todos os nutrientes necessários, mas foi o suficiente para mostrar o valor do alimento, a *quinta lição* : o valor do alimento, vejo que comemos muito mais do que realmente precisamos e muito rápido, sem realmente sentir o gosto de cada item, o que acaba nos fazendo comer demais... Essa sopa parecia a melhor comida do mundo!!!
Após comermos, revezamos um pouco na fogueira e tentávamos ir dormir, quase sem chance novamente pois ao lado da fogueira estava quente, dentro do abrigo, um gelo imenso, a temperatura não parava de cair... E lá se vai mais uma noite sem dormir quase nada... Como sobreviver sem dormir, quase sem comida e com frio intenso???
No outro dia foi o ponto onde finalmente senti o peso disso tudo em meu corpo: no momento da inspeção médica de manhã, sem realizar quase nenhuma atividade, meu batimento cardíaco estava em 125 e a equipe médica me colocou em repouso. Após um tempo, diminuiu um pouco e voltei as atividades, mas, estava exausto, não tinha mais forças. Mesmo assim, fizemos as atividades do dia. Ao chegar a noite, devido a tudo que tinha passado, finalmente consegui dormir um pouco... Foi o primeiro momento que realmente consigo me lembrar de dormir e veio então a *sexta lição* : a importância do sono. Nossa, no outro dia acordei bem melhor e consegui realizar as atividades. Nesse dia também experimentei uma "iguaria", comer uma minhoca rs.... Realizamos as atividades e eu sentia meu corpo começando a melhorar. Ao chegar a noite, consegui dormir mais um pouco, mesmo com o frio dentro do abrigo.
Ao chegar o sexto dia, nossa, acordei outra pessoa, meu corpo tinha uma energia sem precedentes: sentia a junção das emoções de estar acabando o curso, afinal faltava apenas uma noite, sentia a energia recuperada pelo sono e sentia uma leveza imensa de ter transpassado uma parte de minha mente a qual eu nunca tinha visitado.
Nesse dia o comando nos passou uma série de atividades e, se conseguíssemos cumprir, ganharíamos um "brinde especial" para o jantar daquela noite: nossa, como trabalhei nesse dia, serrei bambus quase o dia todo, busquei lenha, fiz um tremendo esforço físico, acredito que mais atuante que vários dias juntos.
Nesse dia eu também finalmente superei um medo, um receio: a floresta... Todo o medo que tinha antes de cobras e demais animais peçonhentos, felinos e outros, transformaram-se em respeito e finalmente pude me sentir parte da floresta... Um dos menores seres ali sim, concordo, mas, mesmo assim, parte de tudo isso... E com isso em mente, fiz minha primeira incursão na selva sozinho: fui buscar madeira para a fogueira, a essa altura todas as madeiras caídas próximas já tinham sido recolhidas, ou seja, era necessário ir mais fundo e eu entrei. Fui a lugares distantes, tanto procurando a madeira como conhecendo o território, observei com detalhes como a natureza é linda, tudo é parte de todos e tudo na natureza está em harmonia para sobreviverem, nada na natureza é perdido ou é por acaso, tudo tem um propósito.
Ao encontrar madeiras, recolhi e levei para o acampamento. Voltei a floresta, por outro caminho, e entrei em uma área mais fechada e mesmo assim me sentia bem.... Simplesmente, em paz!!!
Voltei ao abrigo, fizemos a limpeza e reunimos as duas equipes: 12 homens totalmente diferentes de quando entraram no curso, todos cansados, mas bem por estarem ali naquele momento. Fizemos a fogueira ao centro e ficamos em uma área que nos cobrimos de mais ou menos 3 x 3, sem paredes, apenas o teto. Para tornar o momento mais emocionante, começou a chover e a esfriar mais ainda, com neblina a poucos metros de onde estávamos rsrsrs...
Conversamos e cantamos um monte e, passado um bom tempo, já era noite quando o comando chegou com uma galinha, nossa, que maravilhoso... Foi realizada a limpeza e a levamos ao fogo. Nesse momento fizemos uma roda onde o comando passou as considerações e cada um teve a oportunidade de falar um pouco sobre o resultado do treinamento, sobre o impacto do mesmo em sua vida, foi fantástico.
Ao terminar de assar a galinha, fizemos uma refeição maravilhosa, como a muito não fazíamos.... Como já estava bem tarde, fomos verificar os nossos abrigos e, como as folhas do teto já estavam secas (tinham sido recolhidas na segunda), ambos acampamentos estavam com muitos vazamentos, ficando impossível de dormir lá, sendo assim, voltamos para a área onde estávamos e ficamos todos lá: alguns dormiram sentados e outros, em pé... Devido ao frio, quem estava mais longe da fogueira as vezes pedia para revezar com quem estava próximo... E assim foi a noite toda... Não dormi quase nada, mas, estava bem mesmo assim, somente esperando o sol aparecer.... E eis que depois de muito e muito tempo, lá aparece o sol... A manhã do último dia
Desmanchamos os abrigos e fomos para a base central, para a última atividade... Tomamos banho na água gelada, que nesse momento, não afetava mais rsrs... E almoçamos uma sopa maravilhosa...
Após o almoço tivemos nossa formatura, que momento fantástico, uma benção de Deus!!!
Como muitos sabem, participo da doutrina do Santo Daime, uma doutrina que veio da floresta.... Mas me faltava essa vivência, essa conexão com a floresta... Essa foi a oportunidade perfeita que consegui para unir tudo: treinamento de sobrevivência, transpassar minha própria mente, me conectar com a floresta e aumentar minha conexão espiritual, vencendo medos e alcançando uma luz interior...
Muito refleti e então me veio a *sétima lição* : Deus está com nós o tempo todo, mesmo se estivermos no "inferno". Ele aguarda ansiosamente por nossa própria vontade, por encontrarmos a nossa própria luz... Quanto mais fundo buscamos, mais essa luz começa a iluminar... e, somente quando ela iluminar de verdade, seremos capazes de sair do inferno... E foi assim que *renasci* , do meu próprio inferno, deixando de ser um número e recuperando o *meu nome* , "trocando de pele" assim como uma serpente, reconhecendo o valor de tudo que aprendi, de tudo que abri mão para estar ali e de como isso irá marcar minha vida toda!!!
Existem alguns hinos no Santo Daime que dizem "Eu venho da floresta"... Agora, finalmente estou pronto para afirmar isso.
"Eu venho da floresta
Com meu cantar de amor
Eu canto com alegria
Minha mãe que me mandou"
"Eu vivo na floresta
Aprendendo a me curar
Eu convido os meus irmãos
Vamos todos se cuidar"
Agradeço antes de tudo a Deus, a Virgem Mãe - a Rainha da Floresta, a Jesus, ao mestre Irineu, aos meus protetores espirituais... A toda minha família, em especial ao meu pai que quando estava vivo adorava a natureza e esteve comigo nessa jornada!
Agradeço a todo o comando da Over Border, em especial ao @Assis, Seat Treinamentos (Abimael), @Sertorio, Arildo Cleto, L.F. Madeira e @Paulo Cesar.
Agradeço a todos os meus amigos do grupo Casca Grossa VI, em especial, ao Fabiano Machado que aceitou ir comigo nessa jornada.
Sou todo agradecimento!!! \o/ \o/ \o/
"Do sol vos nasce a luz
E neste azul que faz pasmar
Vós sois a lua e sois Rainha
Vós sois o brilho vós sois o brilho
Vós sois o brilho e flor do mar".
Instrutores competentes e atenciosos, capazes de fazer com que a gente saia do curso com um novo olhar, mais apurado, curioso, sempre em busca de pistas e recursos que a mata tem a nos oferecer.
Acabo de participar da operação forte muçurana em taiaçupeba. Um fds de muitas informações e histórias de sobrevivência. Recomendo fortemente para todos aqueles que praticam atividades outdoor pois isso pode salvar a sua e outras vidas.
Inesquecível!!! recomendado para todos os aventureiros e pessoas que querem sair da rotina!!!equipe de primeira qualidade!!Não só apenas recomendo como certamente participarei de outros treinamentos!!!
Sensacional!!!! O que mais me encantou foi a organização e a equipe super preparada! O medo e o cansaço foram pequenos diante da sensação de segurança que senti pela competência dos responsáveis pelo final de semana cheio de desafios e que me tiraram totalmente da zona de conforto.
Tive a felicidade de participar da Operação Gato Lontra, a experiência foi ótima. Quem gosta de natureza e curte sobrevivência não deixe de participar.. Apesar dos ensinamento serem focados para Selva o aprendizado é muito útil para nosso cotidiano na Selva de pedra. Certamente sou outra pessoa apos ter participado desse curso. Valeu Comando, obrigado por nos proporcionar um final de semana lotado de aprendizado. #Selva
Equipe Super Profissional! Todos os instrutores com mta experiência!!! Extremamente atenciosos com todos os participantes!!! Muito Obrigada por terem acolhido o Thor tão bem no curso Casca Grossa III. Tenho ctz q ele fará outros cursos!!! Selva!!!
Excelente treinamento. Gostei bastante recomendo para pessoas que procuram fazer trilhas com prudência.
Muito bom! Difícil descrever o quanto foi importante para eu e minha família. Tivemos a oportunidade de participar de mais um desafio com pessoas especiais! Obrigado equipe Over Border Rescue!
Companheirismo, aprendizado e aventura. Teoria e prática.
O curso Lagarta letal ajudou a cada um de nós resgatar a nossa atenção periférica, capacidade de coordenação, atenção e convivência em grupo nos momentos de crise. Recomendo a todos, principalmente a empresários. Organização impecável. Muito agradecido.
Excelente!!! Fizemos um treinamento de 8 horas e foi sensacional!! Muito trabalho em equipe, superação de limites e diversão.. Nosso grupo adorou, eu recomendo com certeza. Abraços e até a próxima
Alto nivel de instrução. Fiquei muito satisfeito com o curso! Parabéns à equipe.
Selva!!!
Uma equipe de profissionais de alto nível, muito organizados, que entendem e amam o que ensinam! Parabéns comandantes! E obrigada pela disposição de nos repassar um pouco do que vocês sabem!!!
Uma equipe de militares que curte o que faz, repassando com alegria e naturalidade conhecimentos e experiencas logradas ao longo da vida. Todos estao juntos para fazer de voce melhor pessoa sem egoísmos nem limitacoes . Parabens!!
Fiz meu primeiro curso e gostei demais, com certeza irei fazer outros com o pessoal da Over Border Rescue, que por sua vez estão de parabéns pelo profissionalismo e companheirismo muito obrigado.